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A fascinante história da moda: Parte II

O século XIX não poderia ter terminado de forma mais graciosa e contraditória, com o período denominado de Belle Époque (em francês), e que durou dentre 1890 e 1914 (início do século XX).

Conhecida também como Era Eduardiana, foi marcada por muito luxo no vestuário, com o uso de tecidos nobres, bordados, rendas e plumas, inspirados pela “Art Noveau".


A silhueta em forma de ampulheta ou S foi amplamente adotada pelas mulheres da época, que usavam o espartilho tão apertado que a medida da cintura chegava a 40 centímetros (foram registrados casos de mulheres que morriam com pulmões perfurados por suas costelas ou sofriam aborto devido a pressão dos espartilhos).



Durante o dia não usava-se decotes. O corpo ficava escondido dos pés até o pescoço. As mãos eram cobertas por luvas e usava-se botas para cobrir as canelas, e as golas dos vestidos ou blusas eram muito altas, com babados. Os cabelos ficavam presos no alto da cabeça e os chapéus eram quase sempre adornados com plumas. Era bastante comum também o uso de sombrinhas como acessório, e bolsas de delicadas dimensões.



Para os homens o guarda-roupa foi se estabilizando, deixando os arrojos de lado e firmou-se na figura do terno, cartola e bengala, daqui para a frente, mudando muito pouco. A prática esportiva que ia nascendo timidamente, começou a configurar uma nova necessidade de vestimenta, jogos de tênis, peteca, arco e flecha e equitação, iam dando novos contornos, especialmente para a roupa masculina.




Anos 10


O início do século assistiu a uma sucessão de vanguardas que mudaram o modo como a arte e a moda eram vistos pela sociedade. Até 1914, vemos uma sequência da Belle Époque, porém logo após a I Guerra Mundial, o cenário da moda começa a mudar com a emancipação feminina. O estilista Paul Poiret (foto abaixo), marcou a década por liberar as mulheres do espartilho, o que foi considerado como uma revolução, já que agora em vez do acessório, a mulher poderia usar ligas e soutiens.



Anos 20 Conhecida como a “Era do Jazz” ou “Anos Loucos”, o glamour dos trajes luxuosos dão espaço para as roupas mais informais, com tecidos mais leves, onde as curvas não são mais tão valorizadas. O comprimento das saias sobem e vão até os joelhos. Os vestidos de cintura baixa e de franja traziam um charme para as mulheres “melindrosas”, além de liberdade para elas dançarem ao som de jazz. Acessórios como colares de pérolas, chapéu cloche e sapato bico redondo (Mary Jane) complementavam a produção. O corte de cabelo curto com franjas, estilo La Garçonne, acabava com a ditadura dos cabelos mais longos, trazendo mais liberdade e modernidade para as mulheres. A maquiagem se torna popular com lábios vermelhos e os olhos pretos, bem esfumados.



Quando falamos dos anos 20 é impossível não mencionar o nome de Gabrielle Bonheur Chanel, a estilista símbolo da mulher moderna. Chanel ou Coco (foto abaixo), como era conhecida pelos amigos, foi a responsável pela introdução de calças no vestuário feminino e de vestidos demasiadamente curtos para a época.



No vestuário masculino os ternos se tornam um item primordial tantos nos homens urbanos quanto rurais. Calças e paletós eram usados com cintura marcada, as jaquetas para ocasiões informais eram curtas. Os chapéus Fedora predominaram durante a década, e tornou-se uma tendência masculina quando os gângsteres assumiram o acessório. Nos pés, sapato Oxford.




Anos 30


A década de 30 começa com o reflexo da crise mundial com a queda da bolsa de valores em 1929, onde empresas faliram e o índice de desemprego era muito alto. Historicamente, em tempos de crise, a moda se torna menos ousada, porém, após uma década de uma moda andrógena e sem curvas as peças femininas passaram a ter novos cortes e formas que pudessem trazer em evidência as curvaturas naturais do corpo. As costas femininas são valorizadas com o corte enviesado e decote profundo nos vestidos de noite e eram marca registrada em belíssimos vestidos de atrizes hollywoodianas, que inspiravam elegância. Luvas eram um acessório indispensável, assim como os boleros. Nos pés, sapatos bicolores e de ponta arredondada. As calças são inseridas no guarda-roupa feminino, já que muitas mulheres entram pro trabalho industrial, cavalgar e andar de bicicleta. Os cabelos começaram a crescer e eram penteados com ondas.

No vestuário masculino os paletós com abotoamento duplo se tornam uma tendência. A pegada militar do final dos anos 30 chega influenciando nas cores, em tons verde tipo oliva e musgo.



Anos 40


Nos anos 40 com a guerra, o setor de roupas foi atingido e com isso precisou passar por mudanças. A escassez da matéria prima fez com que as pessoas reciclassem roupas e costurassem em casa. O guarda-roupa se tornou minimalista, e as pessoas passaram a buscar por peças mais versáteis.

O vestuário feminino era composto por ombros arredondados, mangas largas, corpetes cheios e com cintura marcada. As saias eram retas e com pregas invertidas, trazendo um aspecto mais romântico, porém, sem muita sofisticação. Um fato interessante é que as mulheres amavam usar meias finas de nylon, mas devido a guerra a fabricação desse tipo de meia passou a se tornar mais inviável, já que o material estava sendo usado para outros fins de guerra, como a fabricação de paraquedas, por exemplo. Então, muitas mulheres que não podiam comprar, passaram a fazer ”leg-paiting” (foto abaixo), a famosa risca atrás, para manter o glamour que esse tipo de meia proporcionava e a ideia de que deixava as pernas mais definidas e que os homens adoravam.

Os chapéus passaram a ser produzidos em formatos menores. Mesmo assim, algumas mulheres achavam o preço dos chapéus muito alto e passaram a usar redes, lenços e turbantes que cobriam mais o cabelo e eram mais seguros para trabalhar no setor fabril. O guarda-roupa masculino também sofre mudanças, os paletós mais estreitos dão lugar aos ternos mais longos, acompanhado de calças mais largas com cintura alta. Os suéteres passam a compor o vestuário masculino em eventos mais informais.


Em 1947, o estilista Christian Dior, revolucionou o mundo e marcou a despedida da silhueta sóbria e austera dos tempos de guerra com o chamado NEW LOOK (foto abaixo), que na década de 50 ditaria os padrões, o estilo e as silhuetas com muita feminilidade.




Semana que vem tem a continuação...


Beijos

Maria Augusta Sant' Anna


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