Adidas Originals x Artemisi: quando o futuro ganha forma no presente
- Evely Oliveira
- há 5 horas
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Há encontros criativos que não apenas materializam produtos, mas inauguram atmosferas. A parceria entre adidas Originals e Artemisi nasce exatamente nesse lugar entre o sensível e o tecnológico, onde moda deixa de ser superfície e passa a agir como manifesto. No dia 5 de dezembro, chega ao mercado brasileiro uma colaboração que ultrapassa o território do sneaker e adentra o campo simbólico do que significa criar no Brasil com vocabulário global.
De um lado, a força histórica de adidas Originals, guardiã de códigos que moldaram culturas esportivas e urbanas. Do outro, a visão incandescente de Mayari Jubini, diretora criativa da Artemisi, cuja leitura de futuro não se ancora em clichês futuristas, mas em uma biologia imaginada, uma engenharia emocional, um corpo que se reinventa ao se fundir com a máquina.

Na collab, essa dualidade assume forma na releitura da silhueta Taekwondo. O clássico é reposicionado em direção a um novo horizonte, onde tridimensionalidade, efeitos metalizados e técnicas emergentes constroem uma sensação de armadura leve, elegante e viva. O tênis ganha linhas estruturais que evocam proteção e movimento, como se cada curva guardasse um segredo do tempo que ainda não chegou.
A criação conduzida por Mayari nasce de um repertório marcado por biomecânica, pós-humanismo e fusões entre natureza e tecnologia temas que há anos pavimentam o imaginário da Artemisi e que agora encontram, na adidas Originals, a plataforma ideal para expansão. Segundo ela, o prata que percorre relevos e desenhos simboliza essa anatomia híbrida. Não é um brilho decorativo, mas um código: a metáfora de um corpo que existe entre mundos, humano e metálico, orgânico e engenheirado.

Se há poesia no conceito, há precisão quase cirúrgica na execução. A equipe da adidas dedicou-se a testes até chegar ao processo que tornaria possível transformar a visão estética da Artemisi em matéria. A solução veio por meio do HF Welding, técnica que une materiais sem cola ou costura e utiliza ondas de alta frequência para criar volumes tridimensionais impecáveis. O resultado é uma construção que respeita ergonomia e conforto sem renunciar à complexidade que define a marca brasileira.

Essa interseção entre rigor técnico e sensibilidade artística tornou a colaboração histórica. Jessica Silva, Gerente Sênior de Lifestyle na adidas Brasil, reforça o significado desse momento para o país. O encontro com Artemisi não é apenas sobre moda, mas sobre reconhecer a capacidade criativa de uma geração brasileira que dialoga com o mundo sem perder seu DNA. É sobre ocupar espaços que antes pareciam distantes.
Para Mayari, a collab representa mais do que um lançamento: é um gesto simbólico. A primeira parceria da adidas Originals com uma marca brasileira de high fashion nasce justamente de uma estética que não se curva às lógicas tradicionais do luxo, mas que propõe outra temporalidade, outro ritmo, outra delicadeza. É a validação de um trabalho artesanal de precisão absoluta, que transborda dos tecidos para os materiais rígidos, das técnicas manuais para a impressão 3D, da moda para a arte.

Essa narrativa ganha corpo na campanha, dirigida pela própria Mayari e fotografada pela dupla Mar+Vin. Jade Picon protagoniza imagens que misturam força e fragilidade num mesmo frame. As peças emblemáticas da Artemisi corsets esculturais, superfícies metálicas e texturas tridimensionais convivem com itens adidas criados especialmente para o shooting, resultando em uma visualidade que parece suspensa entre o real e o imaginado. A presença de um totem exclusivo, criado manualmente para a campanha e para a instalação na loja conceito, aprofunda esse discurso. A peça transita entre sólido e líquido, refletindo a transição de um futuro em constante mutação.
O tênis chega ao mercado por R$ 1.199,99, em numerações do 34 ao 42, nas lojas e plataformas oficiais da marca. Muito mais do que um produto, ele representa um capítulo na narrativa da moda brasileira um capítulo que fala sobre coragem criativa, sobre assumir o risco da inovação e sobre o poder da colaboração como ferramenta para construir o novo.
A adidas Originals segue fiel à sua herança enquanto amplia a conversa com a cultura contemporânea. A Artemisi reafirma seu lugar como uma das marcas brasileiras mais potentes no cenário global, combinando maestria artesanal, pesquisa tecnológica e um olhar que desafia limites.

Neste encontro, o futuro não é uma promessa. É presença. É matéria. É movimento. É Brasil.
Deixo vocês agora com a mente genial e inspiradora por trás dessa criação, Porta-voz da ARTEMISI: Mayari Jubini - designer e diretora-criativa.
1. A collab parte de uma fusão entre biomecânica, pós humanismo e engenharia. Quando você pensa nesse “corpo híbrido” que guia a estética da Artemisi, que tipo de futuro você imagina estar ajudando a construir e o que esse futuro diz sobre a forma como queremos vestir força e sensibilidade ao mesmo tempo?
Quando penso nesse “corpo híbrido”, imagino um futuro em que a relação entre o humano e a tecnologia deixa de ser separada e passa a coexistir como uma única forma. É um corpo que expande suas possibilidades – não um corpo substituído pela máquina, mas um corpo que dialoga com ela. Esse imaginário sempre esteve nas minhas pesquisas, e é nele que eu encontro maneiras de traduzir força, sensibilidade e proteção de uma forma não óbvia.
A biomecânica, o pós-humanismo e a engenharia aparecem na Artemisi como símbolos desse futuro possível: linhas estruturais que lembram armaduras, relevos que evocam movimento, superfícies metálicas que têm ao mesmo tempo rigidez e delicadeza. Para mim, falar de futuro é falar dessas dualidades. A moda tem esse poder de transformar conceitos em corpo. E, nesse caso, o que apresentamos é quase uma nova anatomia, um híbrido que representa as infinitas possibilidades desse futuro que estamos construindo.

2. Este é o primeiro tênis da Artemisi e, ao mesmo tempo, a primeira collab da Adidas Originals com uma marca brasileira de high fashion. O que existiu nos bastidores desse encontro que você acredita que só uma marca com DNA brasileiro poderia entregar?
Acredito que uma marca brasileira como Artemisi consegue entregar uma combinação muito particular de profundidade técnica e sensibilidade estética, trabalhamos com inovação e técnicas high fashion de um jeito muito especial e único.
A Adidas nos procurou justamente por reconhecer esse diferencial – a maneira como a Artemisi trabalha o high fashion com precisão técnica, pesquisa conceitual e uma visão de futuro muito própria, mas também por enxergar algo que é profundamente brasileiro: essa capacidade de reinventar, de experimentar, de transformar materiais em looks icônicos. Nos bastidores, houve muita troca e diálogo, nós trouxemos nosso repertório de técnicas, pesquisa sobre futurismo e processos artesanais.

3. O Taekwondo Mei W carrega tridimensionalidade, relevo e metalização, mas ainda preserva leveza e ergonomia. Como foi transformar um símbolo técnico esportivo em uma peça de moda que conversa tanto com movimento quanto com escultura?
A silhueta do Taekwondo já chegou definida na collab, e o desafio era justamente apresentar de um jeito que dialogasse com a linguagem da Artemisi.
Trabalhamos com técnicas para criar relevos tridimensionais, com aspecto metálico que é tão característico da marca, mas sem comprometer a leveza original do modelo. Esse equilíbrio entre tecnologia e estética foi essencial: o tênis precisava ser uma peça de moda, mas também precisava se mover com o corpo.
A Artemisi cria roupas que ultrapassam o território da vestimenta e entram no campo da arte. Com o Taekwondo, fizemos isso dentro de um tênis: transformamos o movimento esportivo em escultura, e transformamos a escultura em movimento.
4. A campanha reúne fotografia, direção criativa, casting e até um totem artístico desenvolvido especialmente para o projeto. Em que momento você percebeu que essa collab ultrapassaria o território do produto e se tornaria quase um manifesto visual sobre a convergência entre moda, arte e tecnologia?
A própria essência da Artemisi já transita entre moda, arte e engenharia, então, quando entendemos a potência dessa parceria com a Adidas, ficou claro que a narrativa precisava ir além do produto.
A campanha, que também assinei a direção criativa, surgiu desse entendimento, desde a fotografia, o casting, as escolhas das cores, a integração entre peças da Artemisi e Adidas, tudo foi pensado como um ecossistema visual. E a escultura (totem), que desenvolvi especialmente para o projeto, materializa essa convergência: ele representa o sólido se transformando em líquido, o metálico ganhando movimento, o corpo dialogando com a tecnologia.
Nesse momento, ficou evidente que estávamos criando não só um tênis, mas uma arte. Um manifesto sobre como moda, arte e tecnologia podem coexistir e expandir a cultura.

5. O HF Welding permitiu criar formas precisas sem cola ou costura, quase como se o tênis fosse “crescido” em vez de montado. De que maneira essa tecnologia ecoa com o seu processo criativo, sempre tão ligado à experimentação de materiais e à ideia de engenharia poética?
Essa tecnologia conversa diretamente com o que eu construo na Artemisi. Sempre busco formas de materializar conceitos que estão além do tempo sem recorrer ao óbvio, nisso conseguimos criar superfícies tridimensionais com precisão.Essa tecnologia nos permitiu imprimir no tênis a mesma linguagem que usamos em peças impressas em 3D, em metais, em construções manuais complexas. Foi a ponte perfeita entre a técnica da Adidas e a experimentação estética da Artemisi.
6. Você já colocou o Brasil em editoriais internacionais e em corpos icônicos ao redor do mundo. Agora, com uma collab global da Adidas, o que você sente que esta parceria simboliza para o cenário da moda brasileira, e, sobretudo, para a nova geração de criadores que enxerga a moda como linguagem, não apenas como produto?
Essa parceria prova que o Brasil produz alta moda com técnicas inovadoras, visão contemporânea e força conceitual para dialogar globalmente.
Então, ver uma collab como essa acontecer mostra que existe espaço para essa moda autoral, profunda e inovadora dentro do mercado internacional.
Espero que essa parceria inspire outros criadores a acreditarem no próprio ponto de vista, a investirem em pesquisa, a explorarem técnicas e narrativas que vão além do convencional. Porque é isso que estamos mostrando aqui: quando há verdade estética, profundidade e inovação, o mundo presta atenção.





























