Anamarya Rocha: A médica que une ciência, beleza e acolhimento para transformar a vida de mulheres

'BEAUTY' COVER EDITION - JUNE 2025 ISSUE

Photos: @andersonmmacedo_

Dra. Anamarya Rocha não é só médica: é ponte entre a saúde íntima e a autoestima, entre o cuidado com o corpo e a liberdade de ser quem se é. Nordestina, nascida no sertão de Pernambuco, ela cresceu em meio à simplicidade de Tabira e descobriu cedo que queria usar a medicina para fazer a diferença na vida das mulheres.

Formada pela Universidade de Pernambuco (UPE), com passagens por grandes hospitais em São Paulo, Anamarya mergulhou fundo nos estudos e se especializou em áreas que ainda são pouco faladas,como ginecologia regenerativa, funcional e estética, realizando cirurgias delicadas como a de clitóris. Hoje, é ginecologista exclusiva da JK Estética Avançada, considerada uma das maiores clínicas de estética do mundo.

Mas o que realmente chama atenção na sua trajetória é o olhar humano. Ela escuta, acolhe e trata cada paciente com respeito, ciência e sensibilidade. “Muitas mulheres chegam ao consultório carregando inseguranças profundas. Eu entendi que não dava mais pra falar só de saúde física, era preciso cuidar também da saúde mental e autoestima ”, conta.

Esse olhar mais amplo levou Anamarya a dar um passo importante no empreendedorismo ao chancelar a linha de skincare íntimo EVAskin — desenvolvida por sua amiga e cientista Jack Alecrim. Com base em evidência científica, tecnologia e afeto, a linha inovadora preenche uma lacuna real: oferecer produtos seguros, eficazes e pensados para as necessidades da saúde íntima feminina. “A EVAskin não é só skincare — é reconexão, é autocuidado, é liberdade.”

Além da atuação em ginecologia estética e da chancela da marca, Anamarya também se tornou uma voz essencial para romper tabus que ainda cercam o universo íntimo da mulher. Fala com naturalidade sobre temas como prazer, envelhecimento íntimo, cirurgia genital e autoestima, sempre com linguagem acolhedora, respeito e base técnica. “Quando uma mulher entende seu corpo, ela volta a ter poder de escolha. E poder de escolha é dignidade.”

Mesmo com todo o sucesso, Anamarya não esquece de onde veio. Suas raízes no interior de Pernambuco continuam vivas na forma como ela cuida, com empatia, escuta e verdade. “O sertão me ensinou a escutar com o coração. Trago isso comigo em cada atendimento.”

Confira agora entrevista exclusiva:

1. Sua trajetória une ciência, sensibilidade e inovação. O que te motivou a expandir sua atuação da ginecologia tradicional para a estética íntima e, depois, para o empreendedorismo com a EVAskin?

Minha trajetória é marcada por um propósito: transformar a vida das mulheres através do cuidado íntimo, da autoestima e da ciência. Venho de uma origem humilde, do sertão de Pernambucano e, desde o início, soube que a medicina seria meu caminho para impactar o mundo. A ginecologia sempre foi minha base — mas, com o tempo, percebi que muitas mulheres chegavam ao consultório com dores que iam além do físico. Elas carregavam traumas, inseguranças, vergonha do próprio corpo e não desenvolviam sua sexualidade de maneira plena.

Foi essa escuta atenta e sensível que me moveu a ir além da ginecologia tradicional e mergulhar na estética íntima. Vi que a ciência pode ser ferramenta de cura também da alma, que é possível tratar uma cicatriz externa e, ao mesmo tempo, libertar uma mulher internamente.

A expansão para o empreendedorismo com a EVAskin foi um passo natural: chancelei a marca para levar às mulheres o que eu via faltar — produtos de alta performance, respaldados por ciência, pensados com verdade, tecnologia e afeto. Não é só skincare íntimo, é autocuidado, é reconexão, é liberdade.

Hoje, cada etapa da minha jornada – médica, mulher e empreendedora – se entrelaça com um único propósito: valorizar a potência feminina em todas as suas camadas.

2. Você se especializou em áreas altamente técnicas e ainda pouco discutidas, como cirurgias íntimas complexas e ginecologia regenerativa. Como lida com os tabus que ainda cercam esses temas, especialmente no Brasil?

Essa é uma das maiores batalhas silenciosas da minha carreira — e também uma das mais transformadoras. Lidar com os tabus que envolvem a saúde íntima da mulher no Brasil exige não só preparo técnico, mas coragem, escuta e sensibilidade.

Quando decidi me aprofundar em áreas como a ginecologia regenerativa, funcional e estética — incluindo cirurgias íntimas complexas — eu sabia que enfrentaria resistências: da sociedade, de colegas da medicina e até das próprias pacientes, muitas vezes educadas a sentir vergonha do próprio corpo. Mas eu também sabia que o silêncio sobre esses temas não protege ninguém — ele aprisiona.

Minha resposta ao tabu sempre foi o conhecimento. Acredito no poder da informação clara, responsável e acolhedora. No meu consultório, nos congressos que participo e nas redes sociais, faço questão de falar desses assuntos com a naturalidade e o respeito que eles merecem. Porque quando a mulher entende o seu corpo, ela recupera o direito de escolher por si mesma — sem culpa, sem medo, sem constrangimento.

E é por isso que me dedico também à criação de espaços seguros para esse diálogo. O que me move é ver mulheres deixando o consultório com o olhar mais firme, a postura mais ereta, a autoestima renovada. Não estamos falando apenas de estética — estamos falando de liberdade, saúde e dignidade.

3. A linha EVAskin é fruto direto da sua vivência clínica. Quais foram as principais lacunas no mercado de skincare íntimo que você identificou e decidiu preencher com a chancela da marca?

A EVAskin nasceu de um incômodo genuíno que eu sentia há anos na prática clínica: a ausência de produtos íntimos que fossem, ao mesmo tempo, eficazes, seguros, elegantes e verdadeiramente pensados para as necessidades reais da mulher moderna.

Ao longo da minha trajetória como ginecologista especializada em estética e regeneração íntima, percebi três grandes lacunas no mercado:

1. Falta de respaldo científico e segurança dermatoginecológica e ginecológica.

Muitos produtos disponíveis não tinham comprovação técnica adequada, usavam ativos irritativos ou eram adaptados de fórmulas corporais — o que pode ser perigoso para uma região tão sensível quanto a vulva.

A EVAskin foi criada por uma grande amiga, a cientista Jack Alecrim, com base em evidência, pensando em pH fisiológico, microbiota vaginal e regeneração celular, com ativos que realmente funcionam.

2. Ausência de uma abordagem estética que também fosse funcional

O cuidado íntimo ainda é visto como algo “higiênico” apenas. Mas na prática clínica, vi o quanto a flacidez, a hiperpigmentação e a perda de hidratação impactam a autoestima da mulher.

Por isso, Jack Alecrim desenvolveu fórmulas que uniformizam o tom, melhoram a textura da pele íntima e atuam na revitalização profunda, respeitando todas as fases hormonais da mulher.

3. Estigma e linguagem ultrapassada

Muitos produtos tratam o corpo íntimo da mulher com tabu, infantilização ou senso de culpa. Eu quis fazer diferente. A EVAskin foi pensada com uma linguagem adulta, afetuosa e sofisticada.

Queremos que a mulher coloque o sérum íntimo na sua rotina como coloca um sérum facial: com prazer, sem vergonha, com autoestima.

Mais do que uma linha de skincare, a EVAskin é uma extensão do meu consultório. Cada fórmula carrega minha escuta clínica, minha experiência com tecnologias regenerativas e o desejo profundo de resgatar a intimidade como território de beleza, saúde e poder.

4. Estar à frente de uma das maiores clínicas de estética do mundo exige constante atualização. Quais inovações ou tendências na saúde íntima feminina você acredita que ainda vão transformar o setor nos próximos anos?

Estar à frente de uma das maiores clínicas de estética íntima do mundo é uma grande responsabilidade — e também um compromisso diário com a inovação, a ciência e a escuta real da mulher contemporânea.

A saúde íntima feminina está deixando de ser um tema periférico para ocupar o lugar de destaque que merece, e o futuro desse setor será transformado por tecnologias cada vez mais precisas, seguras e personalizadas. Entre as tendências que acredito que vão revolucionar os próximos anos, destaco:

🔬 Terapias Regenerativas de Alta Performance (como Exossomos e PDRN)

O futuro está na biotecnologia aplicada à regeneração íntima. Exossomos e PDRN já mostram resultados impressionantes na reparação tecidual, rejuvenescimento e melhora da qualidade da mucosa vulvovaginal — com ação anti-inflamatória, clareadora e estimuladora de colágeno. São a base de uma estética íntima que respeita o tempo do corpo e entrega naturalidade com sofisticação.

🧬 Personalização baseada em genética, microbioma e fases hormonais

Cada vez mais caminhamos para protocolos personalizados, guiados por testes genéticos e avaliações hormonais e da microbiota vaginal. Isso permitirá tratamentos realmente individualizados — tanto em consultório quanto em homecare.

💡 Integração entre estética, funcionalidade e neurociência do prazer

Estamos entendendo que estética íntima não é apenas beleza — é conforto, é autopercepção, é prazer. Procedimentos como ninfoplastia associada à clitoroplastia funcional, lasers neurosensoriais e bioestimuladores aplicados com propósito restaurador são exemplos de como vamos aliar forma e função com respeito à anatomia do prazer feminino.

🧴 Produtos de uso domiciliar com atuação inteligente e preventiva

A mulher quer autonomia. Por isso, acredito em uma nova geração de dermocosméticos íntimos com ativos neurocosméticos, antipoluição, uniformizadores do tom e estimuladores da hidratação natural. Produtos como o Sérum Miraculous da EVAskin já representam essa virada de chave: alta performance, com segurança ginecológica, para uso diário.

🤝 Educação e desmedicalização da intimidade

A mulher está cada vez mais informada — e quer entender, escolher, participar. O profissional que unir conhecimento técnico, linguagem acessível e acolhimento emocional estará à frente. E isso também passa por quebrar tabus com responsabilidade, ética e estética.

Estamos apenas começando a explorar o potencial da ginecologia regenerativa e estética. E o que me move é exatamente isso: estar onde a medicina encontra a inovação, mas sem nunca perder o olhar humano sobre quem mais importa — a mulher.

5. Você vem de Tabira, interior de Pernambuco, e hoje atua em uma das maiores capitais do país, com projeção internacional. Como suas raízes influenciam sua visão sobre saúde, empatia e acolhimento?

Minhas raízes são a base de tudo o que construí. Vir de Tabira, uma cidade pequena no sertão de Pernambuco, me ensinou desde cedo o valor da escuta, da humildade e da força que nasce da escassez. Cresci vendo mulheres incríveis, batalhadoras, que cuidavam de todos — menos de si mesmas. E isso moldou profundamente minha visão de saúde: para mim, saúde é presença, é vínculo, é acolhimento real — não é só técnica, é toque humano.

O sertão me deu algo que São Paulo não ensina: a empatia sem pressa, o olhar que percebe o que não é dito, o cuidado que não se mede por protocolo, mas por intuição e verdade. Trago isso para cada consulta, cada cirurgia, cada conversa com uma paciente. Porque por mais que eu use lasers de última geração, bioestimuladores ou protocolos internacionais, o que cura mesmo é quando a mulher se sente vista, respeitada e segura.

Estar hoje em uma das maiores capitais do país, com reconhecimento internacional, não me desconecta das minhas origens — ao contrário, elas são meu diferencial. São elas que me lembram todos os dias por que eu comecei e por quem eu continuo: por todas as mulheres que ainda acham que o autocuidado é luxo. Eu venho para mostrar que autocuidado é direito — e que até no sertão pode florescer ciência, beleza e potência.

6. Para além da medicina e do empreendedorismo, quem é Anamarya Rocha quando não está no jaleco? Quais práticas te conectam com você mesma e com o propósito que te trouxe até aqui?

Quando o jaleco sai, sobra o essencial: Anamarya, Aninha, mulher, nordestina, sensível e intensa, que aprendeu a equilibrar força e delicadeza. Por trás da médica e da empreendedora, existe alguém que também precisou se reconstruir, silenciar ruídos e ouvir sua própria verdade.

Minha maior conexão comigo mesma vem do silêncio — dos rituais simples que me devolvem ao eixo: acordar cedo, sentir o sol na pele, cuidar da minha pele com calma, preparar um café, acender uma vela, fazer uma oração. São pequenos gestos que me lembram que, antes de cuidar do mundo, preciso cuidar de mim.

A escrita me cura. Muitas das palavras que compartilho nas redes vêm de reflexões íntimas. A dança me liberta. A natureza me reorganiza. E o mar… ah, o mar me devolve inteira. Sempre que posso, corro pra perto dele — é onde volto a ser só eu, sem títulos, sem agenda, sem cobrança.

Também me conecto com o meu propósito quando olho para as mulheres que cruzam meu caminho — pacientes, alunas, parceiras. Cada história me lembra por que eu comecei: porque acredito que toda mulher merece se sentir viva, potente e em paz com quem ela é — por dentro e por fora.

No fim, Anamarya sem jaleco é isso: alguém que cuida, mas que também aprendeu a se cuidar. Que quer curar o mundo, mas sem se esquecer de florescer dentro dele.