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DUDU BERTHOLINI FALA SOBRE SUA COLLAB COM A AMAPÔ

Dono de uma personalidade exuberante e estilo próprio, o estilista e stylist Dudu Bertholini conversou com a Hooks Magazine sobre sua Collab com a Amapô.


1) O jeans é o material mais clássico e que está presente na maioria, dos guarda-roupas, é importante escolher investir em modelos que além de estilosos, sejam "eco-friendly". Como foi o start para esse projeto com a AMAPÔ.


Sim, o jeans é o tecido clássico presente na maioria dos guarda roupas contemporâneos, um companheiro de todas as horas para a maioria das pessoas, mas a gente também sabe que infelizmente o jeans gera um impacto muito negativo no meio ambiente em toda a sua cadeia produtiva e na maneira que ele é consumido. Sim é importante que a gente faça boas escolhas, consuma de forma consciente, que a gente escolha tecidos eco friendly, jeans reciclados, peças feitas a partir de upcycling, mas lembrando que não basta apenas consumir com consciência, é preciso fazer a gestão da sua peça com consciência, ou seja evitar lavagens desnecessárias principalmente no caso do jeans que não se recomenda lavar a peça, tanto pelo consumo de água, quanto pelo desgaste que isso gera na peça, um desgaste desnecessário e ter consciência de como iremos descartar, para que ela possa ter uma vida circular, isso é muito importante.


Bom, sobre a colaboração com a Amapô teve start a mais de 20 anos atrás, quando eu conheci a Carô no vestibular pra faculdade de moda Santa Marcelina, e ali a gente se apaixonou, nos tornamos melhores amigos, e que somos até hoje.

Depois de alguns anos chegou a Pitty e ao longo desses anos nós formamos uma grande turma , que além dessa amizade e amor, compartilha de muita criação e atividades coletivas, nossos trabalhos apesar de únicos e distintos se complementam, então realmente são mais de duas décadas de colaboração, então a parceria com a Amapô nasce desse sentimento, dessa sinergia criativa.




Foto Divulgação enviada pelo Dudu - photo: Flávia Faustino


2) O Maxi colete jeans foi reconstruindo com muita criatividade, como foi esse processo?


Eu sempre amei esse maxi colete, considero ele a peça chave dessa coleção e ele é um dos grandes responsáveis dessa collab. Ele era um peça única de passarela de um dos desfiles da Amapô e que uma boa parte dos últimos anos no meu armário. Eu tenho esse privilegio de emprestar, peças únicas de desfiles das meninas e adoro usar peças conceituais que muitos não encaram, são as minhas preferidas. Mas esse colete eu sempre amei, e eu dizia... - Vocês tem que fazer mais em outras versões porque as pessoas vão amar esse colete! e ai elas me chamaram junto para essa responsabilidade, já que você quer tanto esse colete, vem aqui fazer essa coleção com a gente.

Eu acho que ele é uma peça muito especial, muito versátil, muito autentica, a versão que eu mais amo é a versão "patchwork" porque ela é feita a partir de retalhos, e de descarte têxteis de outras coleções da Amapô, feita a partir do "upcycling" é uma peça mais sustentável, e eu amo esse colete.



Foto Divulgação enviada pelo Dudu - photo: Flávia Faustino


3) Durante a pandemia nosso comportamento mudou e aponta novos caminhos. Você concorda que a "Revolução da Moda" é criar novos modelos híbridos inovadores que respeitam a criatividade e o planeta?


Eu acredito que muito mais mudar as pessoas, a pandemia acelerou e intensificou comportamentos e atitudes vigentes que já existiam. Nós já tínhamos inúmeros perfis de pessoas e consumidores e vamos continuar a ter. Ou seja pessoas hiper consumistas que não se importam com a sociedade, com o meio ambiente, vão continuar a existir, mas a gente vê por outro lado um fortalecimento e um crescimento de um pensamento de uma sociedade de marcas e iniciativas mais sustentáveis, mais colaborativas, mais regenerativas, mais afetivas, e depende de cada um de nós, individual e coletivamente apoiar essas iniciativas. A gente já entendeu que a única forma da gente continuar habitando esse planeta é se construirmos um futuro mais responsável com o meio ambiente, com a sociedade e com as pessoas que trabalham na indústria da moda.




Foto Divulgação enviada pelo Dudu - photo: Flávia Faustino


4) Ao seu ver as marcas aqui no Brasil estão se esforçando na comunicação com seu consumidor, criando ações sérias, incentivando como cada pessoa pode fazer a diferença em suas escolhas durante a compra?


Eu acho que o mercado de moda Brasileira é muito plural, agente vê sim o crescimento e o fortalecimento de marcas e iniciativas sérias que ajudam os consumidores a escolher e a comprar melhor. Mas eu acredito que a real mudança, a real revolução não vem das marcas e das iniciativas, ela vem justamente das pessoas consumidoras que passam a exigir a transparência do produto que elas estão comprando, que querem saber, como aquela roupa foi feita, sob quais condições de trabalho, qual foi o impacto ambiental que aquela peça causou ao ser produzida e que exige representatividade, diversidade não apenas na comunicação na vitrine, mas na estrutura da marca como um todo. Então o que a gente tem que perceber é que sustentabilidade, assim como diversidade, nunca estiverem tão na "moda" e a gente sabe que o capitalismo tem uma habilidade enorme de se apropriar de discurso que sejam convenientes e lucrativos para eles, então com isso a gente tem que ficar muito alerta a casos de "greenwashing" de marcas e produtos que se dizem verdes mas não são, ou do "pink money" de marcas que se dizem diversas e representativas mas que não. Eu vejo que a responsabilidade das marcas aumentou muito mas a responsabilidade de nós consumidores aumentou muito também.



Foto Divulgação enviada pelo Dudu - photo: Flávia Faustino


5) O que seria uma ato político na moda? para refletir nas mudanças do planeta.


Hoje mais que nunca a gente tem consciência do quanto a moda é politica, moda é politica tudo é politica, e a moda é o espelho do mundo a nossa volta, portanto as reinvindicações que a gente faz, as reivindicações politicas que a gente faz por uma sociedade, por um mundo melhor , elas também se espelham nas transformações que a gente quer pra moda, que ela seja mais justa, mais ética, mais igualitária e mais transparente. No caso do Brasil, que ela seja mais pluricultural, e não mais um reflexo euro centrado, hegemônico, magro branco, cisgênero que por muito tempo ela foi, e que a moda Brasileira traduza a pluriculturalidade que forma o Brasil, então quaisquer atos a favor dessa transformação, dessa revolução, são sem dúvidas atos políticos na moda.



Foto Divulgação enviada pelo Dudu - photo: Flávia Faustino



Foto: Flávia Faustino

Beleza: Naiara Chibbi


Por: Chris Preta.

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