Por: Evely Oliveira
Karsou começou sua carreira profissional muito jovem: desde os 15 anos já trabalhava em um projeto pessoal, mas o contato com a música e paixão se iniciou muito antes, desde os 4 anos de idade.
O fato de ser LGBT já fez com que fosse rejeitado e também vítima de preconceito em gravadoras aqui no Brasil, Karsou sonha em se consolidar no mundo do FUNK e ser aceito como igual.
Esse desejo fez com que buscasse estudar, e se dedicar diariamente em produzir músicas e conteúdos em outros idiomas, algo que despertou interesse na comunidade LATINA.
Desde então, Karsou está cada dia mais focado em busca de sua carreira internacional, aprendendo inglês e espanhol. E o sucesso já chegou! Na comunidade latina, ele é conhecido como "LATIN BOY".
Karsou dando uma entrevista para ¿Y Qué Hay de Nuevo? Canal da Venezuela, e falando mais sobre sua vida profissional e pessoal.
Não é de hoje que a comunidade LGBT sofre com a inserção no mundo social, e no musical não poderia ser diferente.
Preparei cinco questões para esse artista independente que nos ensina muito sobre perseverança, e sobre a importância da educação, e orientação para inserção de pessoas LGBT nos meios comuns.
1- Como artista independente, quais foram os maiores desafios que você já enfrentou?
✨ Sem dúvidas, os maiores desafios que eu enfrentei nem foram pelas condições financeiras. Muitas pessoas colocam como empecilho as poucas condições de investimento, mas estudando muito e conhecendo sobre o meio artístico você entende que nem tudo é dinheiro. Às vezes a grande diferença é simplesmente saber se comunicar e fazer um bom networking, no momento certo.
A grande dificuldade que eu enfrentei foi em relação a ser um artista jovem e LGBT. Muitas pessoas já me negaram apoio por acharem que sendo jovem eu não teria maturidade pra gerir minha carreira, mas acontece que desde sempre estive focado em fazer acontecer. Em relação a minha sexualidade é ainda pior, pois as pessoas são homofóbicas e tentam esconder isso com outros argumentos. Por isso já cheguei a duvidar do meu talento, pelo preconceito que sofro no meio artístico. Mas agora acredito que só chegarei lá se acreditar em mim e no meu trabalho.
2- Sobre a sua idade, o que te impulsionou a começar a carreira no meio artístico tão jovem?
✨ Eu comecei na música com 4 anos, na igreja, onde pude ter contato com instrumentos, aulas de canto e até teatro. Saí de lá por conta dos religiosos fervorosos que me disseram que eu "ia para o inferno”.
A partir do momento que alguém me julgou lá dentro, eu já entendi que Deus não estava presente nas atitudes de todos que estão ali. Portanto, isso só intensificou minha relação boa com Ele. Profissionalmente, a música para mim começou aos 15. Minha carreira veio como um refúgio dos momentos que já passei.
Eu digo que estou vivo POR e PELA minha carreira. Sonho em ser consolidado.
3- Como é ser um cantor da comunidade LGBT no funk brasileiro?
✨ Muito difícil! Afinal, muitos homens do funk (grande parte) levam a ideia de que a mulher é prioridade como objetificação. E eu não quero inserir essa mensagem! Não acredito nessa ideia. Além disso, as pessoas no networking musical me olham estranho e até acham que eu não estou pronto pra ser um grande artista.
Já me ofereceram propostas para ser o “artista push hétero” e eu recusei. Não consigo ser quem eu não sou! O público também não compra mentira. Prefiro ser inovador para o mercado do que falso.
4- E por último, mas não menos importante: qual a sua voz? O que gostaria de gritar para o mundo e para os jovens que se identificam com você?
✨ Adoraria falar primeiramente sobre a importância do estudo. Mesmo com todas as dificuldades eu sempre fui muito focado e estive acreditando que os estudos seriam a solução da minha vida um dia. Dito e feito! Eu estou gerindo minha carreira tendo 17 anos e consegui coisas inacreditáveis em apenas 1 ano. Então estudem e acreditem em vocês mais que qualquer coisa!
E eu adoraria gritar por RESPEITO! Adoraria ser aceito de alguma maneira no ciclo do funk sendo o artista que eu sou! Mas enquanto eles não me aceitam eu continuo trabalhando e fazendo o que a maioria ainda não faz: se entregar de corpo e alma para a carreira sem ter masculinidade frágil. É uma raridade ver um artista homem que se entregue nas danças de shows/ apresentações etc. A pressão ficou toda em cima da “Diva Pop”. Tá na hora de inovar esse mercado e dar um Rainbow.
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