Nicolly Martins & Afrontameg: irmandade, propósito e representatividade na moda
- Matheus Hooks/ Editor-In-Chief
- há 4 dias
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'CELEBRITY' EDITION COVER - GLOBAL ISSUE

Na nova edição Celebrity da Hooks Magazine, a força da representatividade toma forma em uma capa poderosa protagonizada por Nicolly Martins e Afrontameg. A produção integra o projeto idealizado pelo fotógrafo @demmacedo, que tem como missão transformar a moda e a arte em territórios de inclusão. Sob o lema “Todos estão na moda e a arte está em todos”, a iniciativa celebra a beleza democrática e a diversidade como pilares de criação.
Jornalista e criadora de conteúdo, Nicolly Martins se tornou uma das vozes mais autênticas da nova geração digital. Com vídeos cheios de humor, reflexões sobre identidade e postagens que exaltam o cabelo crespo e o orgulho negro, ela conquistou um público fiel — e um espaço fundamental na mídia contemporânea.

“Percebi o impacto da minha voz quando comecei a receber mensagens de pessoas dizendo que se sentiram vistas e acolhidas pelos meus vídeos”, conta Nicolly. “No começo, eu só queria me divertir e compartilhar o que pensava, mas quando entendi que minha vivência podia gerar identificação e abrir discussões importantes, percebi que o conteúdo podia ser um movimento real de transformação.”
Entre risadas e pautas profundas, Nicolly domina a arte de equilibrar autenticidade e responsabilidade.
“A internet é um espaço poderoso, mas também muito sensível. Então, penso primeiro em ser verdadeira — porque é isso que conecta. O humor é a forma que encontrei de abrir diálogos sérios de um jeito acessível.”

Com uma trajetória marcada por coragem e representatividade, Nicolly usa suas redes como ferramenta de desconstrução de estereótipos racistas. “O influenciador tem um papel muito importante nesse processo. É sobre mostrar que ser quem a gente é já é um ato político. O simples fato de existir, se posicionar e inspirar outras pessoas negras já é parte da luta.”

A presença de Nicolly e AFRONTAMEG na capa da Hooks vai além da estética: é um manifesto sobre pertencimento. “Estar na capa de uma revista de moda internacional é mais do que uma conquista pessoal. É representar mulheres negras e mostrar que a beleza e o estilo estão em nós também”, afirma. “Fazer parte do projeto ‘DESconstrução’ é reafirmar que a moda pode ser um espaço de resistência, expressão e liberdade.”
E ao lado da irmã, o significado se multiplica. “A gente se apoia e se impulsiona o tempo todo. Crescemos juntas, sonhamos juntas, e ver tudo isso se materializando é uma conquista dupla. A nossa união é força — e é lindo poder mostrar que irmandade também é representatividade.”

Confira entrevista completa:
1. Você conquistou um público fiel com seus vídeos autênticos e divertidos. Em que momento percebeu que sua voz na internet poderia se transformar em um verdadeiro movimento de impacto?
Eu acho que percebi o impacto da minha voz quando comecei a receber mensagens de pessoas dizendo que se sentiram vistas e acolhidas pelos meus vídeos. No começo, eu só queria me divertir e compartilhar o que eu pensava, mas quando entendi que minha vivência podia gerar identificação e abrir discussões importantes, percebi que o conteúdo podia ser um movimento real de transformação.

2. Seus vídeos transitam entre humor, debates sociais e reflexões sobre identidade. Como você equilibra autenticidade e responsabilidade ao criar conteúdos que divertem, mas também provocam reflexão?
Eu sempre tento lembrar que a internet é um espaço poderoso, mas também muito sensível. Então, quando crio, penso primeiro em ser verdadeira — porque é isso que conecta. Ao mesmo tempo, carrego uma responsabilidade de usar meu espaço pra provocar reflexão, sem perder a leveza. O humor é a forma que encontrei de abrir diálogos sérios de um jeito acessível.
3. Em diferentes momentos, você já utilizou suas redes para desconstruir estereótipos racistas. Na sua visão, qual é o papel do influenciador digital no combate a preconceitos ainda tão enraizados?
Eu acredito que o influenciador tem um papel muito importante na desconstrução de preconceitos. A gente tá ali, todos os dias, ocupando espaços e mostrando que outras narrativas existem. É sobre mostrar que ser quem a gente é já é um ato político, e que o simples fato de existir, se posicionar e inspirar outras pessoas negras já é parte da luta.

4. A moda e a beleza têm sido caminhos de expressão para muitas mulheres negras. O que significa, para você, estar na capa de uma revista de moda internacional e integrar um projeto como o “DESconstrução”?
Estar na capa de uma revista de moda internacional é algo que, pra mim, representa muito mais do que uma conquista pessoal. É sobre representar mulheres negras, mostrar que a beleza e o estilo estão em nós também. Fazer parte do “DESconstrução” é reafirmar que a moda pode ser um espaço de resistência, de expressão e de liberdade.
5. O projeto “DESconstrução” traz a ideia de que todos estão na moda e a arte está em todos. Como você enxerga a moda como ferramenta de inclusão e de quebra de padrões?
A moda é, pra mim, uma forma de contar histórias. Quando a gente se veste, a gente comunica quem é, de onde vem, e o que acredita. Ver a moda como ferramenta de inclusão é entender que todos têm o direito de se expressar e serem vistos. A verdadeira arte está na diversidade — nas diferentes formas de existir e se mostrar pro mundo.

6. Estar ao lado da sua irmã AFRONTAMEG nesta capa tão especial certamente traz um significado ainda maior. Como a relação de vocês influencia sua trajetória e de que forma vocês se fortalecem mutuamente no universo da mídia e da moda?
Estar ao lado da minha irmã nessa capa é algo muito simbólico. A gente se apoia, se inspira e se impulsiona o tempo todo. Crescemos juntas, sonhamos juntas, e ver tudo isso se materializando é uma conquista dupla. A nossa união é força — e é lindo poder mostrar que irmandade também é representatividade.
7. Se pudesse deixar uma mensagem para jovens criadores de conteúdo que, assim como você, querem ocupar espaços de destaque na mídia, qual seria o conselho mais importante?
O conselho que eu deixaria é: não espere a permissão de ninguém pra ocupar o seu espaço. Seja fiel à sua essência, mesmo quando tentarem te moldar. As redes valorizam o que é real, então confie na sua voz. Se é verdadeiro, vai tocar alguém — e é assim que os movimentos começam.