por Kim Flores
Bernardo de Assis é um artista múltiplo. Fascinado pelo universo das artes cênicas desde pequeno, Bernardo sempre soube que seria ator. Seja em suas representações divertidíssimas em Salve-se Quem Puder ou a sua presença na série baseada em textos de Vinicius de Moraes, Noturnos (ambos disponíveis na Globoplay), é notável a sua imensa habilidade em atuar com paixão. É a realização do seu sonho em imagens que nos são passadas.
Imergindo em seu trabalho, Bernando atuou em "Todxs Nós" (disponível na HBO), uma série que conta a narrativa de uma jovem pansexual e não-binária. A identidade de Bernando é presente, necessária. Como homem trans, trouxe ao universo das séries de TV uma nova perspectiva que demonstra suas vivências e o quanto foram importantes para tornar Bernardo o ator incrível que se é hoje.
Confira a entrevista exclusiva que a Hooks Magazine realizou com Bernando de Assis:
A partir da sua vivência: o que significa ser trans como ator?
Eu me reconheci trans dentro do processo de um espetáculo chamado BIRD. Bernardo não existiria se a peça não tivesse acontecido. Ou seja, para mim, essas duas coisas estão muito interligadas.
Em que momento da sua vida se envolveu com a experiência dentro da atuação?
Eu soube que seria ator no exato momento em que pisei em um teatro pela primeira vez, aos 6 anos de idade. Ali eu já pensava que queria seguir a profissão, então comecei meus estudos ainda na infância, até chegar na graduação em Interpretação e Direção Teatral.
Atualmente o seu trabalho como ator conversa com a sua identidade de gênero?
Não tem como não conversar. Eu levo meu corpo para o meu trabalho e não importa para onde eu esteja indo: o fato de ser trans chega sempre antes de qualquer coisa.
Meu grande desejo é que pessoas trans sejam reconhecidas para além de suas identidades de gênero, apenas. Mas enquanto isso não acontece, vou tentando desbravar todos os espaço que posso.
De que forma você trabalha seus personagens e atuações como um homem trans? Há algo íntimo dentro deste trabalho criativo?
Ser trans é só mais uma das minhas inúmeras características. Então trabalho meus personagens e atuações como artista.
Como você aconselharia atores fora da normatividade de gênero a explorarem a vivência dentro da vida de ator?
Ainda estamos muito longe de uma equidade, mas já percebo um avanço por conta da quantidade de artistas LGBTI+ que estão no corre todos os dias. Se não houver representatividade, seja você a primeira. Acredite.
Foto: Anderson Macedo - @andersonmmacedo | @demmacedo
Make: Márcio Merighi - @mamerighi
Styling : Victor Belchior @victorbelchior
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