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Bianca Zuber: O rosto como identidade, a estética como consciência

“BEAUTY” COVER EDITION - DECEMBER 2025 ISSUE

Bianca Zuber: O rosto como identidade, a estética como consciência
Photos: Karina Rocha / Hair: Jeff Moslinger / Make: Jhon Oliver

Bianca Zuber não construiu sua trajetória a partir da pressa nem da tendência. Formada em Odontologia em 2013, iniciou sua carreira no caminho mais tradicional da profissão, onde técnica, precisão e previsibilidade costumam definir o ritmo. Ainda assim, desde o início, seu olhar ultrapassava o limite funcional. Não eram apenas dentes que chamavam sua atenção, mas o rosto como um todo e aquilo que ele comunica antes mesmo de qualquer palavra.


A estética facial sempre esteve presente como linguagem. Em 2014, ao realizar seu primeiro curso na área, essa inclinação ganhou profundidade e direção. O interesse se transformou em escolha consciente. Em 2016, a abertura da primeira clínica, em Campo Largo, marcou o início de uma prática que unia conhecimento técnico, observação cuidadosa e um entendimento cada vez mais claro de que trabalhar com rostos exige mais do que domínio de procedimentos. Exige leitura humana.


Bianca Zuber: O rosto como identidade, a estética como consciência

Ao longo dos anos, sua atuação se direcionou quase integralmente à harmonização facial, até se tornar seu foco absoluto. Não por ruptura com a odontologia, mas por coerência. Para Bianca, harmonizar nunca significou transformar. Seu trabalho é guiado pela naturalidade, pela elegância e pela valorização da beleza individual. O resultado ideal não chama atenção para o procedimento, mas para a presença. Não apaga traços, revela identidade.


Em 2024, a abertura da clínica em Curitiba ampliou esse projeto. Hoje, Bianca Zuber conduz duas clínicas totalmente dedicadas à harmonização facial, em Campo Largo e Curitiba, espaços pensados para acolher, cuidar e respeitar a essência de cada paciente. Mais do que expansão, esse movimento traduz uma construção sólida, ética e consistente.


Bianca Zuber: O rosto como identidade, a estética como consciência

Nesta entrevista, Bianca fala sobre o rosto como território de identidade, sobre ética em um mundo saturado de padrões irreais, sobre maternidade, autoridade feminina e a responsabilidade silenciosa de quem trabalha diretamente com a imagem e a autoestima das pessoas.


Bianca Zuber: O rosto como identidade, a estética como consciência

Confira entrevista completa:


1. A harmonização facial costuma ser associada à estética, mas você enxerga o rosto como território de identidade. O que ele revela além da aparência?


Eu nunca enxerguei o rosto apenas como estética. O rosto é território de identidade. Ele carrega história, cansaço, força, alegrias e dores que não cabem em palavras. Antes de qualquer agulha, eu observo: como essa pessoa ocupa o próprio espaço, como ela se expressa, onde o tempo passou com mais peso. O rosto revela quem a pessoa é, e, muitas vezes, quem ela deixou de se permitir ser.
Bianca Zuber: O rosto como identidade, a estética como consciência

2. Em um mundo dominado por filtros e padrões irreais, qual é hoje a maior responsabilidade ética de quem trabalha com o rosto humano?


Num mundo dominado por filtros e padrões irreais, a maior responsabilidade ética de quem trabalha com o rosto humano é não apagar pessoas. É não transformar insegurança em dependência, nem desejo em excesso. Meu papel não é criar versões irreais, mas devolver verdade, proporção e coerência. É lembrar, todos os dias, que beleza não é padronização, é presença.

3. Existe uma linha tênue entre valorizar e descaracterizar. Como você reconhece esse limite e o que te faz, em alguns casos, dizer não?


A linha entre valorizar e descaracterizar existe, e ela é muito clara para quem escuta de verdade. Eu reconheço esse limite quando percebo que a expectativa não vem do espelho, mas da comparação. Quando o pedido não nasce do incômodo pessoal, e sim da tentativa de se encaixar. Dizer não é um ato de respeito com a paciente e com a minha própria ética.
Bianca Zuber: O rosto como identidade, a estética como consciência

4. Em que momento a técnica deixa de ser protocolo e passa a ser sensibilidade?


A técnica deixa de ser protocolo no momento em que eu entendo que nenhum rosto é igual ao outro, nem por fora, nem por dentro. A sensibilidade não nasce em cursos, ela nasce na escuta, na observação silenciosa, nos erros que ensinam mais do que os acertos. Hoje, minha mão trabalha junto com minha intuição, e isso só veio com o tempo, com a vivência e com a coragem de não ser automática.

5. A maternidade mudou algo no seu olhar profissional?


A maternidade mudou tudo. Mudou meu olhar sobre o tempo, sobre o corpo e sobre o cuidado. Depois de ser mãe, eu entendi que cada mulher chega até mim carregando muito mais do que uma queixa estética. Ela carrega responsabilidades, cansaço, renúncias. Isso me tornou mais humana, mais paciente e mais consciente do impacto que meu trabalho tem na autoestima e na vida de cada uma.
Bianca Zuber: O rosto como identidade, a estética como consciência

6. Como construir autoridade feminina em uma área atravessada por expectativas estéticas tão rígidas?


Construir autoridade nesse cenário exige consistência, posicionamento e verdade. Eu não precisei gritar para ser ouvida, nem me masculinizar para ser respeitada. Construí minha identidade com estudo, resultados, postura e limites claros. Respeito não vem da rigidez, vem da coerência entre o que você faz, o que você fala e o que você aceita.

7. Se a harmonização não fosse sobre estética, mas sobre presença, o que você gostaria que suas pacientes levassem com elas?


Se a harmonização não fosse sobre estética, mas sobre presença, eu gostaria que minhas pacientes levassem leveza. Que se olhassem com mais gentileza. Que se sentissem seguras para existir sem se esconder. Que saíssem do meu consultório não só mais bonitas, mas mais confiantes, mais donas de si, mais inteiras.
Bianca Zuber: O rosto como identidade, a estética como consciência

8. E por último mas não menos importante: qual é a sua voz? O que você gostaria de gritar para a humanidade se tivesse a oportunidade?


A minha voz é a da verdade silenciosa. Se eu pudesse gritar algo para o mundo, eu diria: você não precisa se transformar para ser suficiente. Você só precisa se reconhecer.

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