Do Instinto à Missão: A Jornada Jurídica de Guilherme Gama
- Matheus Hooks/ Editor-In-Chief
- há 5 horas
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BUSINESS COVER EDITION - MAY 2025 ISSUE

Na capa da edição Business da Hooks Magazine, revelamos uma trajetória que quebra estereótipos e desafia narrativas tradicionais: Guilherme Gama, um advogado criminalista, especialista em Direito Penal e professor universitário, representa a essência contemporânea de como transformar uma carreira em uma missão de vida.
Sua caminhada no campo jurídico não foi uma trajetória planejada desde o inicio. De fato, o Direito entrou em sua vida quase por acaso, após passagens por áreas como publicidade, organização de eventos e setor de segurança pública. No entanto, foram essas diversas experiências que moldaram o profissional que hoje atua de maneira firme, sensível e com propósito tanto dentro quanto fora dos tribunais.
Antes de vestir a toga, Gama vivenciou a rotina intensa da Polícia Civil de São Paulo, confrontando de forma direta uma realidade desafiadora nas áreas periféricas da cidade. Essa experiência revelou a ele as desigualdades profundas que permeiam o sistema judiciário brasileiro — e acendeu um desejo por algo maior: ver a advocacia como um meio de transformação social. Com essa visão, ele atua, percebendo cada cliente, cada caso e cada audiência como chances de restaurar a justiça.

O luto pela perda prematura de sua irmã foi um momento decisivo, oferecendo não apenas uma introspecção pessoal, mas também uma reavaliação de sua prática jurídica. Neste período, a empatia deixou de ser um aspecto adicional e passou a ser essencial. Para ele, o Direito deve estar intrinsecamente ligado à vulnerabilidade humana — e a resiliência necessária na profissão é tanto técnica quanto emocional.
A formação em publicidade e a vivência como vendedor em shopping centers podem parecer desconectadas da esfera jurídica, mas foram vitais para a construção de habilidades fundamentais: comunicação, escuta ativa e atitude diante de imprevistos. Unindo isso à rigidez e coragem exigidas no trabalho policial, Gama criou um perfil singular — o advogado que equilibra técnica e humanidade, disciplina e afeto.

Confira agora entrevista exclusiva:
1: Sua jornada no Direito começou de forma inusitada. Em que momento você percebeu que essa seria mais do que uma escolha profissional, mas uma missão de vida?
Na verdade eu só percebi depois que comecei a atuar. Durante a faculdade nunca foi meus planos ser advogado. Em 2019 fiz o exame da OAB sem qualquer expectativa, mas acabei passando. Porém, em 2022 quando, efetivamente, fui trabalhar em um renomado escritório de direito penal, foi quando percebi que a advocacia é uma poderosa ferramenta de transformação.
2: O que a experiência como policial civil em São Paulo lhe ensinou sobre justiça, e como esse aprendizado impacta sua atuação como advogado hoje?
A Polícia Civil me abriu os olhos à uma realidade até então desconhecida para mim, e tenho certeza que para muitos. Costumamos viver em uma bolha, onde não conseguimos enxergar as mazelas da sociedade. Ter trabalhado em zonas periféricas me fez enxergar as injustiças sociais e o estado de miséria que algumas pessoas vivem na metrópole mais rica do país. Essa experiência deixou nítido a falta de oportunidades, acesso à justiça e o tratamento desigual pela Instituições de Estado que algumas pessoas recebem.

3: A perda da sua irmã foi um ponto de virada profundo na sua vida. Como esse episódio moldou sua visão sobre empatia e resiliência na prática jurídica?
Eu percebi o quão somos frágeis perante a vida. Que a vida é como um pêndulo e a única certeza é a instabilidade, assim como é na prática profissional, onde é comum nos depararmos com decisões contrárias à jurisprudência e precedentes do Tribunais Superiores, mas devemos ter resiliência para perseverar perante as instâncias superiores, explicando ao cliente esses movimentos naturais do nosso sistema de justiça.

4: Você migrou por áreas tão diferentes — publicidade, eventos, segurança pública — até chegar ao Direito. Que habilidades dessas fases você carrega até hoje no seu trabalho?
A faculdade de publicidade, assim como ser vendedor em shopping fizeram com que eu desenvolvesse minha comunicação e perdesse minha timidez, habilidades muito úteis para o advogado, seja para relacionamentos interpessoais, sustentações orais, despachos com autoridades e até mesmo para dar aula. Já ter trabalhado como policial são muitas as habilidades possíveis de se desenvolverem, como trabalhar sob pressão extrema, gerenciamento de crises e principalmente a incerteza quanto ao resultado, que, à época, poderia até mesmo ser representado por não voltar para casa.
5: Ser professor universitário entrou em sua vida como um novo chamado. O que mais te emociona ou inspira ao estar em sala de aula formando futuros operadores do Direito?
É justamente isso. Mais do que transmitir conhecimentos dogmáticos é inspirar os alunos a serem mais socialmente justos e entenderem a elevada função social que irão exercer, pois irão transformar, sem dúvidas, a vida e o destino de muitas pessoas.

6: Ao olhar para trás, do vendedor no shopping ao mestre em Direito Penal, que conselho o Guilherme de hoje daria ao jovem que ainda buscava seu lugar no mundo?
Hoje existem inúmeras formas de ascender socialmente, principalmente nessa era digital, mas a mais segura ainda, e a que funcionou para mim, são os estudos. Foram eles que me deram tudo que eu tenho. Ainda tenho muito a conquistar e muita história para escrever, mas nada supera sentar numa cadeira, abrir um bom livro e adquirir conhecimento, não só pensando em mobilidade social, mas conhecimento é o verdadeiro instrumento de subversão contra os arbítrios de um Estado que até hoje se mostra tirado, a despeito de uma pretensa república democrática que vivemos.
Eu sou cliente ( como vítima no meu processo ) do Dr Guilherme e de fato a experiência de vida e empatia dele foram um diferencial para que eu o contratasse. Recomendo com respeito o trabalho dele.